Tuesday, May 27, 2008

O abismo tecnológico entre duas cidades

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O abismo tecnológico entre duas cidades
A tecnologia dos computadores é o tema da série de reportagens desta semana. Veja que entre uma cidade no Maranhão e outra em São Paulo existe mais do que a separação de dois mil quilômetros.


A tecnologia dos computadores é o tema de uma série de reportagens que o Jornal Nacional exibe nesta semana. Nesta terça, os repórteres Flávio Fachel e Alberto Fernandez vão mostrar duas cidades brasileiras: uma no Maranhão, outra em São Paulo. Entre elas, existe mais do que a separação física de dois mil quilômetros. Existe um abismo. Pela superestrada da informação, imagens podem dar a volta ao mundo em poucos segundos. Músicas atravessam os continentes espalhando culturas diferentes. Mensagens instantâneas conectam pessoas onde quer que estejam. Quer dizer, mais ou menos. Depende. Bem-vindos a Bacurituba, interior do Maranhão. A Internet não passa por aqui. Nenhum ponto de acesso, nada de computadores. Janela para o mundo é a paisagem que se vê todo fim de tarde da calçada. O telefone, inaugurado no Brasil por Dom Pedro II, chegou a essas bandas só há cinco anos. - Qual é a sensação que dá? - Abandono, fora do ar. Sinceramente, assim, sem nada. Dois mil quilômetros para o sul, noroeste de São Paulo, Sud Menucci, cidade cercada de canaviais e fazendas de leite. Não se engane: na casinha na roça tem telhado turbinado. As antenas captam o sinal da internet que inunda todos os cantos do município e que sai de uma torre da prefeitura. Um projeto pioneiro no Brasil que custou R$ 140 mil aos cofres do município e deu aos moradores internet grátis. Com ela, dá para: "Fazer pesquisa de escola, jogar", diz uma menina". "Dá para conversar na internet com minha irmã, porque ela está em Mato Grosso", afirma outra. De volta a Bacurituba, no Maranhão. Lina tenta há 14 anos trocar cartas com a irmã que foi embora pro Rio. Sem saber ao certo para onde mandar a mensagem, a correspondência acaba devolvida. É a força da saudade que faz a professora continuar tentando. "Celeste, por favor, vê se dê notícias suas ao nosso pai, pois sei que ele sente saudades suas e para ele seria maravilhoso saber suas notícias". Na cidade desplugada, é Linaldo que conecta os moradores com o mundo na pequena salinha dos correios. A velocidade das mensagens depende do meio de transporte. "A moto é a banda larga!", brinca. Às vezes, é mais lento. "Tem que pular cerca também". Seu Manoel também faz o que pode para conectar o povoado com o resto do planeta. "Essa calça é do Japão, essa sombrinha é da China, essa camiseta é de Pernambuco, tropa de elite, esse pinico é de São Paulo". Já em Sud Menucci, a cidade conectada, caixeiro-viajante não tem vez e o dono da principal loja de produtos agrícolas viu as margens de lucro caírem de 50% para 20%, porque os fregueses agora comparam os preços pela internet. - Quanto você viu? - "R$ 12,80". - Nós cobrimos. Fazemos por R$ 12. Não tem problema. Não quero perder o cliente, já que você usa internet para ver preço. Usuários por todo o lado, até no banco da praça central da cidade. Definitivamente, algo mudou. "Nós estamos plugados, nós estamos de olho, nós não somos caipira", afirma um morador. No início, foram 20 casas. Em oito meses, já eram 500. Hoje, de cada duas residências do município, uma está ligada à internet. E essa não é só a história de como foi possível dar acesso grátis à grande rede de computadores para toda a cidade. É a história de como um pequeno cabo conseguiu mudar o destino de uma população inteirinha. Mãos acostumadas à lida no campo agora montam sofisticados computadores. A estudante Glysele Santos vai quebrar uma tradição de três gerações. Os avós e os pais ganharam a vida na lavoura. Ela quer ir atrás das novidades que brotam da tela do computador. "Todos têm a oportunidade de pesquisar se conectando ao mundo, obtendo informações em todos os sentidos. Agora não tem porteira, agora não tem nenhum limite para gente". As diferenças entre quem tem e quem não tem acesso a computadores e internet no Brasil ainda são grandes. Mas estão diminuindo. Há três anos e meio, de cada 100 lares brasileiros, só 17 tinham um computador. Em 2007, já eram 24: 53% da população, mais da metade, já usaram computadores e 41% já acessaram a Internet. Para quem não pode comprar um computador, a principal porta de entrada para a grande rede são as lan houses, onde dá para se conectar pagando por hora. Mas e quando o computador está na escola? Nesta quarta, você vai saber se a tecnologia está ou não ajudando o desempenho dos estudantes brasileiros.

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